sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Você


Estão ouvindo? Tem sussurros por toda a parte.
ESCUTEM! Não é mais um devaneio tolo.
É verdade, estão me assombrando
Os fantasmas que não pude salvar da agonia.
Moscas voam sobre minha cabeça suja
Tenho mãos borradas de sangue
Minha pele sai por causa da lepra
Grito tão forte ue me arranha a garganta.
AH, me salvem do buraco negro
Minha alma aprisionada no próprio corpo
É o rio das perdições que me engole
Subindo pelas minhas narinas sua água fétida.
SOCORRO! Alguém me ouve no mundo dos lamentos?
Não. É tudo escuridão cobrindo escuridão.
E meu último desejo:
Deixem-me por aqui sem você.
Nayara K.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009


Inebriada pelo seu cheiro doce
Vendo as carícias se dissiparem aos poucos
Somos feitos de carne, sofremos como loucos
E nos entregamos os corpos, ao que quer que fosse.

Mas o Amor entre nós é utopia
Lençóis que nos cobrem são finos
Irão rasgar com nossos doentios mimos
E nos farão mostrar nossa alma fria.

Óh, dsculpe-me por me entregar com tamanha dedicação
Talvez não vale o que faço
Mas cada vez que vejo no seu rosto o traço
Que marca nosso amor, nossa fascinação.

Nayara K.
(Lady Byron)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Não recíproco.


Ela acordou daquela manhã fria e nebulosa. Arrancou os cobertores grosses que cheiravam a pele, passou a mão nos cabelos embaraçados e oleosos. Desejou, desesperadamente, ter dormido com ele. Mas, ao se virar de lado, outro repousava em sua cama, e ainda dormente, procurava o corpo quente dela. Ela o observou durante alguns minutos. Sentiu repugnância, nojo e ância de si mesmo. Levantou da cama, cobrindo os seios com os braços e andando torta.
Se calcinha branca, passou pela janela da cozinha e pela sala de estar. Bebeu um copo de água, trêmula, e de pés descalços. Ele ainda não havia acordado. Não se preocupava, melhor assim, pelo menos curtiria seu momento sozinha.
Pensou nele. Naquele outro alguém que ela tanto anciava, que ela tanto desejava. Porém, tinha a certeza que jamais andariam de mãos dadas na multidão, ou iriam rir juntos sentados em um bar numa noite de sábado. Utopia. Ele não viria para ela. Ele apenas brincava, e se saciava, depois partia. Estava na hora de esquecê-lo. De aprender a amar o outro, que dormia com ela todas as noites. Não aguentou. Chorou enlouquecidamente e silenciosamente. Chorou até suas pernas não aguentarem, e ela se ajoelhasse no piso frio da cozinha e soluçasse, pedindo um socorro inexistente.
Ele acordou, ouvindo o lamúrio da amada. Ajoelhou-se perto dela, e a abraçou. Não entendendo nada do que se passava. Mas ela, não correspondia seu abraço. Ela o deixou esperando a retribuição de carinho, e ele esperava paciente por ela e por seu amor.
Não suportando a fadiga, ela levantou-se. Foi ao quarto, arrumou suas coisas, e com um vestido de cetim barato, vestiu-se. "Adeus", ela disse á ele, e partiu para algum lugar bem longe de seus pensamentos. Ele, até tentou impedí-la, mas sentiu-se inútil. Sabia que algo a atormentava, e, pelo amor que sentia por ela, mesmo não sendo correspondido, a deixou ir. Ele apenas desejava a felicidade da amada, mesmo nos braços de outro homem. Mesmo que a felicidade dela fosse passar a eternidade chorando por alguém que ela nunca teria.


Nayara K.