quarta-feira, 27 de maio de 2009
Perfume
COMUNICADO
Estive postando anteriormente capítulos do meu livro (prestes a ser pulblicado), chamando Relíquias. Por enquanto, apenas três capítulos foram colocados aqui. Eu realmente esperava mais comentários a respeito do meu livro e etc. Mas, como isso não aconteceu, resolvi postar por partes aleatórias.
Não postarei apenas capítulos do meu livro. Eu alternarei com poesias, contos e outras coisas na qual vocês já conhecem.
Aos que leram meu livro, meu MUITÍSSIMO obrigada. Serão recompensados pela minha pessoa, se quiserem, óbvio, que eu mande um exemplar. Os que não comentaram mais se interessaram, vou deixar o meu e-mail de contato para pegarem os capítulos restantes (se a curiosidade de vossos exelentíssimos estiver martirizando-os). Enfim, agradeço a atenção e a compreensão dessa indigente poeta-escritora.
Abraços,
Lady Byron
(Nayara K.)
domingo, 17 de maio de 2009
Relíquias - Nayara K.
Capítulo III
Caim possuía um cheio típico agridoce. Algo que unicamente dele. Era alto, o que me fazia erguer a cabeça para poder contemplar seus olhos negros como carvão e profundos como as águas do mar. Seu cabelo formava lindas cascatas de cachos que tampavam sua nuca e caia sobre seus olhos. Tinha a pele morena bem clara e os dentes alvos. Da última vez que o vira, usava aparelho, porém, agora só havia os dentes perfeitamente alinhados. Não chamava muita atenção como os outros garotos que havia na universidade, mas era de uma bondade e uma alegria sem tamanho, e isso irradiava luz por todo o seu corpo, deixando-o o mais belo dos meninos (pelo menos para mim).
Logo que percebi que era ele, fiquei estática. Não tinha reação nenhuma. Olhava estupefata, com os olhos totalmente arregalados e um ar de nostalgia misturado com excitação me corrompeu. Era como reviver minha época adolescente, e relembrar o momento em que conheci Caim.
Era uma tarde chuvosa e cheguei ao conservatório de música totalmente molhada. Isso era Agosto de 2007. Timidamente me sentei no fundo, esperando que ninguém notasse a minha presença, ou que pelo menos me ignorassem. Tinha vindo transferida de outro conservatório que não tinha me adaptado, principalmente com as pessoas. Nunca fui de um grande carisma.
Caim não foi o primeiro a olhar para trás para me analisar. Aliás, esse dia ele chegou atrasado, muito atrasado. Outro menino me observava com um olhar delicado, mas que me incomodava. Eu via que as meninas cochichavam sobre mim. Não me importei. Não fazia importância. Estava lá para especializar o que sabia de música, o que minha mãe havia me ensinado. A porta se abriu e o cheiro agridoce encheu toda a sala. Ele entrava desesperado, desculpando-se com a professora e dizendo que tinha perdido a hora. Desculpa clássica, eu pensei. E Caim foi obrigado a sentar do meu lado, no fundo da sala, pois não havia outro lugar. Nunca mais me esqueci desse dia, devido ao fato de começar a acreditar em anjos.
Caim olhou-me serenamente nos olhos, e fui despertada da minha nostalgia a ouvir sua voz.
- Haidée?!
- Caim?! Não acredito que é você... Depois de todo esse tempo, você... Você voltou!
- Na verdade, Haidée, eu vim ver Juan. Suspeito que você o conheça que no mínimo ele seja o seu professor.
- Ah, sim. Acabei de conversar com ele. Mas, o que quer com um professor de História? Pensei que estivesse em outra cidade, fazendo Música.
- Na verdade estou sim, Haidée. Só que eu vou fazer um trabalho especializado em História da Música e minha professora, me mandou vim aqui procurar o Juan. Disse que ele poderia me ajudar e etc. e tal. Não sei.
- É, ele é ótimo. Vai gostar dele. Eu tava ajeitando a minha inscrição para a excursão dele para a Biblioteca Nacional e...
- Biblioteca Nacional?! – por um momento o tom de excitação e euforia de Caim realmente me assustou.
- É...
- Vamos, Haidée. Vou fazer essa tal inscrição.
- Caim... Espera... Eu...
- Você nada! Faz anos que não a vejo, e isso realmente me fez mal.
- A mim também...
- Então venha comigo! Depois vamos tomar um café no Sweet’s and Coffe’s. Nunca me esqueço dessa cafeteria quando venho pra cá.
Caim me puxou pelo braço, levando-me de novo a sala de Juan. Fizemos a inscrição e tivemos que ouvir uns resmungos de Juan que pelo visto, queria logo que fossemos embora. Tinha mudado de roupa da hora em que eu fui até a sala dele, e na hora que fomos Caim e eu. Provavelmente iria sair. Senti uma ponta de Iago em mim. Mas decididamente, isso não importava. Estava disposta a passar o resto de minhas horas com Caim, conversando sobre coisas tolas e rindo das coisas passadas. Meu melhor amigo que ressurgia das cinzas.
domingo, 10 de maio de 2009
Relíquias - Nayara K.
O sono batia enquanto esperava o ônibus. Já não podia controlar minhas próprias pálpebras. Como era horrível essa sensação! Fui inesperadamente despertada do meu estado sonâmbulo por Inês, que vinha esbaforida a minha procura.
- Haidéé, eu te procurei por todo o campus...
- Desculpe Inês... É que preferi deixar você e Conrado a sós.
- Ora, até parece que não me conhece! Sabe que pra ficar com você troco qualquer homem, até por mais bonito que seja.
- Obrigada... É difícil encontrar amigas como você, Inês. Acho que no meu caso, é só você.
- Tudo bem, chega de ficarmos nos melando. O que eu tenho pra te contar é sério.
- Bem, é sobre o que?
- Juan...
- O professor?
- O próprio.
Não sei descrever o meu rosto naquele momento. Estava atônita. Não tinha contado nada nem ao menos para Inês. Contado o que? Não tinha nada o que contar mesmo. Mas fiquei gélida e meu coração disparou. Gosto amargo na boca...
- Então, é... Diga Inês...
- Arranquei logo o anúncio quando ele colocou. Não esperei que outro visse. Ele está agendando uma excursão para a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, só que tem um problema.
- E qual é?
- Ele só vai levar três alunos de toda a Universidade.
- Então quer dizer que não é uma excursão para os alunos de História?
- Não, não é. E os alunos têm até amanhã para se inscreverem e fazerem uma prova. Só vão aqueles que foram absurdamente bem na prova. E você conhece como são as provas do Juan... Eu nem me habilito a fazer esse tipo de coisa. Tome, pegue o anúncio aqui. – Inês me entregou uma folha sulfite A4 dobrada em vários quadrados. Letras em arial negrito destacavam o título que dizia: “História a fundo: Excursão para Biblioteca Nacional”; logo depois vinham as instruções para inscrição e etc.
Aquilo foi um choque, meu sono dissipou-se e sai correndo para a sala de Juan. Ainda deu tempo de gritar um “Muito obrigado, Inês.” Estava eufórica.
Correndo para encontrar Juan o mais rápido possível, passei perto do lugar onde supostamente havia visto uma mulher enterrando algo. Olhei atentamente para o solo, e realmente tinha um monte de terra mais alto do que de costume. Minha demasiada curiosidade me fez parar por um instante e ir analisar o monte de terra. Estava úmido. Deixei meus materiais no chão e ajoelhei sobre o chão e comecei a escavar o solo. De repente, ouvi uma voz surgir atrás de mim:
- Não deveria fazer isso, menina. Vai sujar suas mãos de terra.
Cai sentada no chão, manchando toda a minha calça jeans e o meu tênis de terra. Olhei para a figura que me chamava. Só me aliviei quando percebi que era Juan.
- Ah, olá, professor. Ahn... Er... Desculpe, eu...
- Qual a sua intenção em cavar buracos, Haidée? Você está escondendo ossos como cão de desenhos animados?
- Não, não... Na verdade, eu estava te procurando. Vim falar sobre o à excursão para a Biblioteca Nacional.
- Não pensei que iria demorar tanto. Esperava que fosse a primeira a se inscrever.
- Infelizmente não. Inês arrancou o anúncio para me avisar depois, mas, acabamos nos desencontrando e só fiquei sabendo agora.
- Então venha comigo. Vou te dar a ficha de inscrição. E mais uma coisa: se fosse você amarrava uma blusa de frio na cintura. Você se sujou bonito.
Novamente minhas faces ficaram quentes e ruborizadas. Mas agora, era por causa da situação em que se encontrava a minha traseira, horrivelmente cheia de terra.
Entrei na sala de Juan e preenchi rápido a ficha de inscrição. Ele me disse que quarta feira era o dia da prova, e para eu chegar uma hora mais cedo para fazê-la. Era algo bem sucinto, visto que não tinha recebido muitas inscrições. Não mais que dez alunos. Mas, entre esses dez, iam ser escolhidos apenas três. E isso, me deixava nervosa, pois viajar para a Biblioteca Nacional era um sonho meu desde a época do Ensino Médio.
Na volta para o ponto de ônibus, acabei passando por aquele monte de terra novamente. Fiquei tão hipnotizada por ele, a visão era até bonita. Um pequeno buraco escavado pelas minhas próprias mãos. Mas dessa vez, não parei. Continuei minha caminhada. E estava tão absorvida nos meus pensamentos que acabei trombando com alguém. Alguém com um cheiro agridoce. Alguém com um cheiro familiar. Caim.