quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Enigmas para Don Juan II

É homem sedutor. Hoje me tens. Mesmo com aquele seu sotaque arrastado, e aquela voz rouca. Mesmo com esses cabelos sedosos e essa boca delicada. É, hoje me tens, nobre amante. Mas, creio eu que não sabes metade de minhas finas habilidades.
Beba esse vinho, repouse tua cabeça em meu ombro, durma como uma criança no seio de sua mãe. Esqueça o mundo, esqueça o porque de estar aqui. Esse pseudônimo que me esconde, não surge efeito a ti. Tu és tão maligno, maldito e sedutor.
Não te reprimas, nobre amante. Serei a tua mais bela rosa, vermelha, cheia de espinhos, aquela que dilacera a carne de seus dedos quando tocada com ódio. Aquela que tem perfume doce e que encanta. Aquela que engana á você e a ela mesma.
Recorde-se das noites em que dividimos o mesmo travesseiro, e julgamos os dogmas, excomungamos santos, amamos demônios e fizemos do Sol um insolente. Recorde-se das noites em claro, em que viajamos aos céus, sem sair do lugar.
Não me tens mais, nobre amante. A sua doce Rosa só deixou á você um punhal...Um punhal e uma ferida no peito. Aberta. Sangrando e mostrando a sua carne fédida. Um prato cheio aos vermes e varejeiras que irão pousar em cima de ti. Não mais eu, nobre amante. Não mais...


Lady Byron

sábado, 4 de outubro de 2008

Estrofes para Cavalheiro

"Oh! menino desgraçado de amor afável
que perfura os olhos com sua lâmina gélida
Que não tens mais nada, sonho amável
De pesadelos perdidos, amores consumidos...

Queria eu, poder desvencilhar-me da Morte
Seus toques de carinho tão dolorosos
Serei tua mais bela rainha
Seu amor seria teu resguardo.

A você em vão nada mais pleiteio
Oh! menino sem nome, sem alma
Agora leia os poemas que escrevo a esmo
Com sangue da navalha, em dó a padecer."

Lady Byron
(Baseado no poema "Estrofes para uma Dama, com os poemas de Camões" de Lord Byron).