sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Você


Estão ouvindo? Tem sussurros por toda a parte.
ESCUTEM! Não é mais um devaneio tolo.
É verdade, estão me assombrando
Os fantasmas que não pude salvar da agonia.
Moscas voam sobre minha cabeça suja
Tenho mãos borradas de sangue
Minha pele sai por causa da lepra
Grito tão forte ue me arranha a garganta.
AH, me salvem do buraco negro
Minha alma aprisionada no próprio corpo
É o rio das perdições que me engole
Subindo pelas minhas narinas sua água fétida.
SOCORRO! Alguém me ouve no mundo dos lamentos?
Não. É tudo escuridão cobrindo escuridão.
E meu último desejo:
Deixem-me por aqui sem você.
Nayara K.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009


Inebriada pelo seu cheiro doce
Vendo as carícias se dissiparem aos poucos
Somos feitos de carne, sofremos como loucos
E nos entregamos os corpos, ao que quer que fosse.

Mas o Amor entre nós é utopia
Lençóis que nos cobrem são finos
Irão rasgar com nossos doentios mimos
E nos farão mostrar nossa alma fria.

Óh, dsculpe-me por me entregar com tamanha dedicação
Talvez não vale o que faço
Mas cada vez que vejo no seu rosto o traço
Que marca nosso amor, nossa fascinação.

Nayara K.
(Lady Byron)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Não recíproco.


Ela acordou daquela manhã fria e nebulosa. Arrancou os cobertores grosses que cheiravam a pele, passou a mão nos cabelos embaraçados e oleosos. Desejou, desesperadamente, ter dormido com ele. Mas, ao se virar de lado, outro repousava em sua cama, e ainda dormente, procurava o corpo quente dela. Ela o observou durante alguns minutos. Sentiu repugnância, nojo e ância de si mesmo. Levantou da cama, cobrindo os seios com os braços e andando torta.
Se calcinha branca, passou pela janela da cozinha e pela sala de estar. Bebeu um copo de água, trêmula, e de pés descalços. Ele ainda não havia acordado. Não se preocupava, melhor assim, pelo menos curtiria seu momento sozinha.
Pensou nele. Naquele outro alguém que ela tanto anciava, que ela tanto desejava. Porém, tinha a certeza que jamais andariam de mãos dadas na multidão, ou iriam rir juntos sentados em um bar numa noite de sábado. Utopia. Ele não viria para ela. Ele apenas brincava, e se saciava, depois partia. Estava na hora de esquecê-lo. De aprender a amar o outro, que dormia com ela todas as noites. Não aguentou. Chorou enlouquecidamente e silenciosamente. Chorou até suas pernas não aguentarem, e ela se ajoelhasse no piso frio da cozinha e soluçasse, pedindo um socorro inexistente.
Ele acordou, ouvindo o lamúrio da amada. Ajoelhou-se perto dela, e a abraçou. Não entendendo nada do que se passava. Mas ela, não correspondia seu abraço. Ela o deixou esperando a retribuição de carinho, e ele esperava paciente por ela e por seu amor.
Não suportando a fadiga, ela levantou-se. Foi ao quarto, arrumou suas coisas, e com um vestido de cetim barato, vestiu-se. "Adeus", ela disse á ele, e partiu para algum lugar bem longe de seus pensamentos. Ele, até tentou impedí-la, mas sentiu-se inútil. Sabia que algo a atormentava, e, pelo amor que sentia por ela, mesmo não sendo correspondido, a deixou ir. Ele apenas desejava a felicidade da amada, mesmo nos braços de outro homem. Mesmo que a felicidade dela fosse passar a eternidade chorando por alguém que ela nunca teria.


Nayara K.

domingo, 29 de novembro de 2009

O Único


Tenho a sensação de que fomos descobertos,
Nossos desejos quentes e mais internos,
Da qual prometemos não mais revelar
Vão despedaçando, lentamente, e nos fazem amar.
A noção de tempo e espaço evaporam
Em seus braços eu me deito e me sinto realizada
Não necessito de palavras, seus beijos me consomem
Somos um quando juntos, e quatro quando separados.
Quero que ouça-me com atenção
Você e eu somos guiados pela sedução,
Mesmo que uma barreira cresce no meio de nós
Procurar-te irei, pois és o único, como sou tua única.
Prometemos um ao outro juras de amor
Em seu lençol me deito e gozo das noites mornas
Não desistirei de você,
e nem tu dos meus beijos.
Nayara K.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Anyone like you


Toda vez que te vejo,
Lembro-me que devo te esquecer.
Corro gritando nas ruas teu nome,
Para que o silêncio me cubra com a letargia.

Não cabe mais em mim a dor que dilacera o peito,
Abraçando um outro alguém desejando teu calor,
Enquanto morde as carnes de uma terceira
E me deixa em prantos de amor.

E sua mão quente que ainda enrosca na minha
Teus beijos doces que chamam o meu lábio
És provocação suja e caráter manchado
Um nojo que por você não peguei.

Abrace-me fortemente na cama branca
Dediquemo-nos um ao outro novamente
Não me culpe por essas ações horrendas
Mas por ti, eu sangraria até a Morte.


Nayara K.
(Ldy Byron)

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Amantes





Sou alimentada pelo teu ego
Nosso orgulho medíocre e nossas nvidas separadas
Sonhamos e desejamos os braços um do outro
Deitados entre colchões ensopados de suor.

Minha unha arranhando suas costas
Gemidos altos que ecoam pelo quarto
Imaginamos cenas de amor
E na realidade vivemos ódio.

Agarro-me ao travesseiro que cheira a ti
Perfume avassalador que me persegue
Passo mal quando te vejo com ela
Mas já não derramo as lágrimas salgadas.

Nossos encontros são secos e quentes
Amor de verdade é confundido por nós
E nos entregamos a devaneios e utopias
Querendo e evitando um ao outro.

Somos amantes ao cair da noite
e meros conhecidos ao raiar do dia
Somos o êxtase do prazer ao invisível
E fracos diante de outros olhos.
Nayara K.
(Lady Byron)

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

The Last Love


Somos como a Lua e o Sol em um contato imediato,
Vedados ao amor impossível e ao orgulho inevitável,
Trajamos nossas armaduras de ferro moldado,
Prendemo-nos na sacrilégia loucura inenarrável.


É uma droga ilícita que nos transporta,
Viajando sobre mares quentes e ventos gelados,
Obra de arte de uma tenebrosa natureza morta,
Vejo em ti os gritos de socorro intactos.


Abrace-me novamente em seus ternos braços,
Seremos o eclipse imediato de dores,
Não julgue-me pelas coisas que faço,
Nunca contentando-me com os resquícios de amores.


Com as costas na parede, me arranho até sangrar,
Quero você, inclícito homem, fonte de alucinações,
Na minha boca o gosto do último beijo irá repousar,
E na memória os suspiros, as causas e emoções.


Nayara K.
(Lady Byron)


quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Loucura

Redemoinhos voando !
Moscas moscando !
Chuva batendo !
Frio arrepiando!

Ah, loucura que irei sucumbir!
GRITANDO ALTO, adianta?
Não. É, não adianta. Nada. LOUCURA.
Socorro. Talvez as moscas moscando não mosquem mais.
O vento não vente no arrepio da pele.

A chuva alva chove na janela da cama,
CHORANDO ALTO, adianta?
fendas da pele que o frio atravessa voando.
Cabelos na boca. Não adianta, adianta?

Se começar a escrever tudo
ao OIRÁRTNOC, adianta?
NÃO. Nada adianta. Estou roendo as unhas.
Estou mordendo meu corpo, ele sangra.

Aranhas escalando as paredes.
Mancha de sujeira da minha mão, SAIAM! Eu ordeno.
SAIA MANCHA!
Devaneios na minha cabeçe me chamam.

NÃO, POR FAVOR, NÃO ME DEIXEM...
...sucumbir a loucura.

Nayara K.

sábado, 5 de setembro de 2009

Vestido branco

Com os cabelos soltos e os pés descalsos,
ela rodava com seu vestido branco
Jogando flores sobre o chão de mármore
Cantarolando músicas da infância perdida.

Ela escrita sobre a areia com um pedaço de graveto
Para depois o mar apagar tudo com suas águas
Ela rodopiava, cansava e sentia fadigas
Mas não parava, doce menina descontrolada.

Sorria deliberadamente esbanjando felicidade
Nada parecia afetá-la os sentimentos
A noite caía e trazia seu vento gélido
E a menina pulava as ondas salgadas

Mãos delicadas batiam palmas para o céu
E ela rodopiava, rodopiava, rodopiava...
Uma vez mais, ela dizia para si mesma
E ela rodopiava, rodopiava e rodopiava...

Sentindo-se livre de tudo que viveu
Pisando em cima dos pesadelos que teve
Ela só queria rodar sobre seu vestido branco
Contrastando com o verde oceano

Rodopie mais, cada vez mais velozmente!
E caia, minha menina,
Caia no seio duro do solo que te ampara
E chore, menina, chore, não fantasie mais.

As ondas já se foram, os nomes já se foram
O vestido branco está encardido
Seus pés sangram pelo cansaço
E seu sorriso dissipa-se e voa com a areia.

Deite, menina...
Apenas deite, e não mais gire.

Nayara K.

domingo, 30 de agosto de 2009

Drácula




Com sua pele alva ele surge aos raios da Lua,
Dentes pontiagudos em lábios rubros
Rosto ávido e rude de singela sedução
Vem ao meu encontro ao uivar dos lobos.

Vejo-me diante de um ser ímpar
A noite em seu castelo transfigurado
Mulheres que se jogarão aos seus pés
Cessarão sua sede de sexo e sangue.

Eu me entregarei a ti os meus beijos
Meu pescoço sua mais nobre carne
Ouvindo os sons clássicos da Transilvânia
Seremos um, meu conde, juntos a eternidade.

Tu enganas a todos que aqui residem
Sua saliva demoníaca e límpida
Sua língua roçando em meu corpo
Suas mãos fortes no meio seio.

És um jogador de sedução e morbidez
Com teus olhos vermelhos escarlates a me chamar
Óh, salve-me, meu nobre Deus, que não me ouves mais!
Meu corpo é tua capela mais sagrada.

Nayara K.
(Lady Byron)

- Poema dedicado ao nobre personagem de Bram Stoker - Conde Drácula.

sábado, 22 de agosto de 2009

Pequeno poema extenso

E aqui me encontro novamente
Parada e andando em direção á um nada
Dizendo e repetindo
as palavras
consumidas e consumadas
Respirando e sufocando
Tendo em mente o mais profundo dos anestésicos.

Assim, sendo eu, vejo como as coisas passam
elas, as coisas e as pessoas
que cantam
aves que gorjeiam
É festa! dizem-me os sentimentos internos
E nada de desprezo pelos homens.

Ouça o som abafado que vem de longe!
Está perto do seu corpo, e te acaricia
Belo e intocado como cinzas
Lágrimas e pessoas passando
te deixando
vão embora. Todas.

Os seres desprezíveis permanecem
e se faz um círculo de coisas novas
mundos novos
em um velho contexto.

Nayara K.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Carta


Rabisquei palavras sinceras
Papel barato de cheiro doce
Falava sobre todas minhas quimeras
E os amores, sentimentos quaisquer que fossem.
Entreguei-o com o meu receio
Um sorriso amargo me esperava
E com os lábios gelados, beijei-o
O envelope que lacrava minha palavra.
E o que adianta fugir de tudo?
A carta se foi carregada por ti
Um envelope gritava, embora mudo
E aquele peso que senti.
Era de palavras que jazia a muda carta
Eram de lágrimas quentes que a manchavam
E letras que doíam, estava farta
Frases feitas entralaçadas se amavam.
Hesitei por um instante,
Dar-te o papel dobrado
E como uma faca cortante
Minha mão ferida, coração suado.
Mas o dano que causou
Para sempre repousavá
Feridas da qual a carta não curou
Uma alma ferida morrerá.
Nayara K.
(Lady Byron)
- Especialmente para o cavalheiro que possui a carta descrevida no poema dentro de sua carteira. A carta disse sobre si. Ele entenderá.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

CHEGA

Chega de seus gritos invadindo meu quarto,
Chega de seus conceitos exatos sobre a vida,
Chega de me dizer tudo o que fazer, e o que não fazer,
Chega de bater em meu rosto com sua mão empoeirada.

Você se acha tão bom e correto,
Você se acha tão capaz de vencer a todos,
Mas você não sabe usar as palavras
Você não sabe o quanto elas machucam.

Eu amo e odeio as palavras, e elas me perseguem.
São meu refúgio quando você aparece
São minhas inimigas quando você fala
Eu amo e odeio o jeito com que elas me tocam.

CHEGA, entendeu agora?
Não sou mais o seu pequeno fantoche
Não serei o que deseja nem o que quer
Serei o que EU desejo e o que EU quero.

Fiz tantas coisas para te agradar e te deixar orgulhoso
E a torca que recebi foram olhares de desdém
Foram palavras ditas de uma boca egoísta
Alguém que em vez disso, deveria me dar a mão.

CHEGA!
Por favor, me deixe em um momento de paz
Por favor, seja ao menos uma vez amável
Não aguento mais chorar pelos cantos
E não encarar o rosto com que convivo.

CHEGA!
Eu não quero mais ferir meu próprio corpo por causa de você
Eu não quero mais sofrer por não me apoiar
Eu serei eu mesma e isso bastará
Não preciso mais de seus cuidados.


Nayara K.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Apelo



Grito por seu nome no canto do quarto
A história se repete e para no mesmo capítulo
Lágrimas e Música se entrelaçam
E agonizam-me a alma que se despedaça aos poucos.

És o fim de tudo que sonhei
Ainda impressiona-me a traição do ilusionista
Aos poucos uma faca rasga-me a garganta
Manchas escarlates colorem o chão.

Algo detalhadamente calculado e repetido
Soa-me aos ouvidos como notas erradas
Tento correr a lugar nenhum
Fugir da própria sombra.

Teu rosto me causa cóleras
Dores doentias de um amor mal amado
Eu já suspeitava, os fantasmas me diziam
Preferi acreditar no Diabo.

Sarcástico o que o nobre destino me reservou
Tomei uma das minhas próprias poções
Sinto-me mal, mas já esperava por isso
O mal que tu causas em meu coração.


Nayara K.
(Lady Byron)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Responda-me

Todos os dias levanto-me com aquela mesma sensação. Um gosto amargo na boca e mãos dormentes. Mais uma vez sonhando com você. É, estou presa em seus laços, em seus braços, em seus sonhos, em seus devaneios. Calculou tudo perfeitamente, não foi? Fez-me de mim sua escrava, e como uma cadela persigo os seus passos. Sem parar, sem me cansar. Vou com todas as forças te procurar no beco mais sujo e nos bares medonhos.
Responda-me, agora. Por que é tão difícil me desligar de tudo isso?
Por que passo horas em frente a sua foto, ampliando-a, cada vez mais, mais, mais e mais...Chegando a ver os pequenos poros de sua pele. Sua foto, ah, que foto mais bela. Erro teu te=la me dado. Poderia ter guardado consigo. Mas é a minha paranóia, e quero segurar apertado sua foto que me escorrega pelos dedos.
Responda-me, agora. Por que é que passo um dia inteiro sentada em frente a guitarra que toca, e arranho suavemente suas cordas, só para sentir o seu toque nelas?
Responda-me por que eu me sinto mal em olhar todas as pessoas que te conhecem?
Responda-me por que eu grito pelo seu nome em silêncio?
Responda-me por que escrevo palavras sem nenhum significado, jogadas ao vento, mas são especialmente para você?
Responda-me o que tudo isso significa e o que quer de mim.
Sim, eu não aguento mais. Arranquei dourados fios de meus cabelos fazendo estas perguntas. Não consigo responde-las.
Responda-me por que eu te deixo partir, confiando inteiramente em algo utópico?
Responda-me por que ue me arrisco tanto por ti?
Quero ouvir de teus lábios meu nome.
Responda-me por que guardo na memória tudo aquilo que vivenciamos, até as partes mais inócuas, e insignificantes.
Responda-me por que eu rio do que já passou.
Sim, responda-me tudo isso e descubra que o que sinto é AMOR.


Nayara K.
(Para o cavalheiro dono da guitarra vermelha.)

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Robbery

Every night you come to my room
Tell me words and whisper names
And my bed starts to burn, later or soon
That's your goal, that's your game.

Let me be freedom from you
I drop my poison tears when you show up
My eyes are bleeding, such a fool
I need a drink, I need a buck

How far you can go with this?
You really enjoy to play with me
Dumped beer at my body and you want to kiss
Close the door, they can smell us, we can't be free

Ghosts are trying to steal my soul
Screaming for the wind, nobody can hear
It's out of my control
Just your embrace could take my fear.

Yes, you made me crazy, swetness
At first touch, at first sight
Being hot, interlaced at mattress
Like a love, like a fight.

Nayara K.
(Lady Byron)

sexta-feira, 17 de julho de 2009

What happened


Sinto que sou prisioneira de seus braços
Carinhos trocados sem pretextos
E caio na armadilha que eu mesma planejei
Somos articulados e perigosos quando estamos juntos.

Sinto o gosto da sua língua
E minha alma está sangrando as feridas
Corda no meu pescoço apertada com força
Tu vens, singelo, desamarrar-me.

O seu sorriso me envenena
Poções que preparas apenas com o olhar
Estamos quentes, suados e entrelaçados
Calculo errado e me despedacei em outra constante.

Vá, vá embora sugador de sonhos
Mágico da ilusão, eu não quero entregar-me
Lamentos cor de terra sujam minhas mãos
E memórias de barro estão dissolvendo-se.

E no som de uma música inebriante
A última nota faz-se soar na melodia assombrosa
E acabamos por deitar-nos vagarosamente
No mesmo leito que cheira a carne.

Voam rumores e memórias
Até as vozes se dissolvem
Sobramos eu e você
Algo que não deveria ter acontecido.

Nayara K.
(Lady Byron)
"(...) É tão certo, quanto o calor do fogo, e é tão certo, quanto o calor do fogo. Eu já não tenho escolha, participo do seu jogo, participo... Não consigo dizer, se é bom ou mal, assim como o ar, me parece vital. Onde quer que eu vá, o que quer que eu faça, sem você não tem graças. (...) "
Capital Inicial - Fogo

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Love Game



Fui tão bem educada no que chamam de sexo,
E talvez uns beijos não me sejam suficientes
Alguns copos de uísque a mais e um tabaco
Fossem o suficiente para me enlouquecer

Numa jornada louca em que me deito
Através de jogos que me inebriam o próprio ego
Imagine algo fútil com o que se dedica totalmente
Ache-me através das peças desse quebra-cabeça.

Todos os ventos sopram aos meus ouvidos
E mais uma dose, mais uma dose...
Um trago, que seja!
Pernas se esfregando debaixo da mesa.

Apimente tudo o que vier pela frente
É tempo dos amantes festejarem
E dance com o copo escorregadio na mão
E olhares maliciosos trocados escondidamente.

Medo na alma e o tentação nas entranhas
Sangue venoso se encontra com o arterial
Em uma fusão de desejos e perigos,
Não há nada que não podemos juntos.

Nayara K.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Parafusos

Começo com uma simples pergunta: o que é a vida para você? É óbvio que não saiba me responder. Ninguém sabe. A vida de muitos se resume a uma grande paixão, a amizade, ao companherismo, a futilidade e até mesmo a vingança. Sua vida gira em torno de banhos matinais quentes, com o sabonete no fim, lendo as instruções do shampoo enquanto se lava. A rotina mais que produzida, uma máquina metamorfoseada em ser humano. Pode não apertar parafusos, ou pode, mas de algum modo sempre está fazendo a mesma coisa. Todo dia. Toda hora. E não se cansa, ou melhor, cansa sim. Mas o seu cansaço é compensado por uma noite mal dormida, em uma cama na qual pensa estar confortável, mas possui espinhos em toda a espuma que envolve o colchão. Acabamos por viver uma vida monótona, regrada e com limites. De algum modo, sempre queremos ser os revolucionários, quebrar a monotonia, roubar o tempo e inovar. Mas não o fazemos. Sentamos e esperamos. Ou, apertamos novos parafusos. E para onde vão os parafusos apertados?! Sempre queremos descobrir, mas, quando chegamos em casa, ligamos a televisão, e dançamos com aqueles botões coloridos, sem parar em nenhum canal, sem assistir a absolutamente nada. E temos o dom de fazer isso por horas. Gastar vida mudando o canal da TV. Não reclamamos. Aceitamos. Olhamos na janela, se você for o cara de cima, olha como o mundo é feio, e se sente feliz por estar na sua casa aconchegante. Uma nota para você: ela não é aconchegante. Mas, se você for o cara de baixo, você simplesmente olha o cara de cima, e fica no conformismo, na sua casa que vive cheirando á feijão. Uma nota para você: o feijão cheira bem.
E rodamos novamente, no que se chama de vida. O que nos faz vivê-la? Talvez a simples curiosidade de desvendar a morte, ou talvez, por sermos apenas bactérias evoluídas, que, ao morrer, vira húmus e alimenta as plantas verdes que por algum momento em nossas vidas, nos alimentaram.
E o que vem depois disso? Nada. Nada? Dica: até a morte tem coração. Ou pelo menos, ela te observa de algum modo, com o resquício de piedade.
Piedade por você ter apenas apertado os parafusos. Piedade por sua vida girar em torno do banho matinal e da mesmice. Lave os cabelos, mas eles nunca estarão limpos. Aperte os parafusos, mas eles nunca estarão bem presos. E para que tudo isso vale? E o companheirismo, aonde fica? Descobrimos no leito. Sim, no leito. Nunca amamos. Apenas achamos que amamos. E só descobrimos isso ao fechar os olhos pela última vez. Uma dica para quem ama de verdade: guardará boas recordações dos parafusos. Nada mais...

Nayara K.

domingo, 28 de junho de 2009

- á ELE, utópico.

A redoma de vidro que te cerca,
Tento retirá-la de você, inútil tentativa
O teu orpo singular, o olhar que me vela,
Me inebria, e me alucina

És doce o jeito que me tratas,
Mas sabe que não seremos unidos
O pior dito é que me matas
Com ssuas vorazes palavas e sons repetidos.

Devem ser os aluciógenos, os remédios incorporados
Deve ser a vida, Oh, meu Deus
Mas é por ti que grito, meus sonhos fadados
Deitando a cabeça sobre os braços meus

Sonhando nossas utopias restantes, sem fim
E das lutas amargas nos retiramos
Ficou apenas, na boca o gosto ruim
Mas no nosso leito, enfim deitamos.

Sonhamos...


Nayara K.
(Lady Byron)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

O Assassino

O menino de pele alva me chama pelo nome,
Correndo, cabelos ralos e voz suave
Me chama, me quer, me almeja
A boca vermelha, o frio o queima.
Mas, continua, correndo em minha direção.
Óh, pudera eu, não o ter estendido a mão.

Encantei-me pelo seu jeito,
Andar e correr sobre o chão feito de nuvem.
Um pobre menino de expressão vazia
De olhos de cera, que miravam-me com admiração.

Sendo mais uma vítima de teus encantos,
Óh, menino insolente, diga-me o que há contigo
Diga-me, que te curarei as mágoas que não se afogam
Que as feridas e dores de dissiparão.
Mas não diz, és calado, o menino
Doce menino, amante assassino.

Seu corpo vem a enfeitiçar-me,
Estou corrompida, inebriada pelo ar que respira
Sim, sinto arder os pulmões e as vísceras,
És tu, menino assassino.

Abraça-me e corta-me o pescoço,
Como um vampiro nato entrega-se a esse gozo
O sangue que escorre, tu lambes
E glorifica-te pela morte e dor que está causando.
Óh, dor latejante e aguda
Não a causada pela tua lâmina, menino
Mas a dor por ti ter ferido a quem algum dia te apreciou.

E o escarlate sangue que baila no chão
Banha o piso frio o pálido
Minha pele sem vida, gélida
Ainda sente arrepios causado pelos teus toques.

Mas, tua única paixão é Morte,
A negra mãe que te beija os lábios
Ainda te quero, menino
Soterrada e presa num cárcere de mármore
Te quero com meu sangue entre os dedos
E venha, por favor, venha correndo...

Nayara K.
(Lady Byron)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

- Decepção


Inebriada pela sua voz, entreguei-me
Com os braços abertos a algo incerto,
Mas com um sorriso no rosto, a receber-te
Poucos biejos que fomos vítimas.
Óh, se não fosse essa luz que me ofusca a visão
Talvez teria percebido antes mesmo de acontecer.
Óh, se não fosse o meu coração a palpitar loucamente,
Talvez a razão me impedisse de te amar.
Em vão chorei,
Pura decepção em que me entreguei.
Não há meio sem volta, ou fim sem meio
Que dirão as palavras que o tempo levou.
Agora, em um palco teatral faço minha peça, novamente
Uma fantoche sorridente que por dentro chora
Uma boneca de porcelana quebrada
Com a alma enclausurada.
Eu já me acostumei com esse teatro.
Nayara K.
(Lady Byron)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

- é VOCÊ, ♥


- É você.
Você tornou-se o meu vício, o meu delírios, as minhas ilusões e os meus sonhos.
Mais que isso. Você se tornou minha realidade.
O jeito que seu olhar procura o meu, o jeito que sua mão brinca com a minha...Seus pequenos atos que me fazem mais dependente de ti.
Sim, é você. Aquele que eu sempre procurei.
Fui vítima das suas palavras, fui vítima do seu amor.
Incrível, mas não quero me livrar desse momento. Não quero me livrar de você.
Você, minha droga, minha anomalia, meu amante, minha felicidade. Depois de você, os dias tornaram-se mais claros, e mais prósperos.
Não há o que escrever para descrever o sentimento que despertou em mim.
Mãos geladas e escorregadias de suor,
olhos que brilham mesmo na luz ofuscante,
respiração ofegante quando chega perto de mim.
Ah, e coisas que não precisamos dizer um ao outro.
- Sim, é VOCÊ!

domingo, 14 de junho de 2009

Marcas


Marcas que deixaste em mim,
Profundamente dilacerada, carne perfurada
Teus delírios, teus carinhos
me arrepiam a pele e mastiga o meu peito.

O tempo não será capaz de apagar
as marcas que por ti fiz questão de deixar
Finalmente, você, aparece ilícito
Tatuagem do amor que por nós foi corrompido.

Amantes perfeitos ao eco da noite
Costumávamos nos deitas, e pensar em coisas tolas
No gramado de nossa casa, jazia o gozo dos prazeres
Foi por ti, amado, que tatuei o amor que nos apossou.

Marcas de sangue que mancharam os lençóis,
Talvez a Morte, talvez
Fosse capaz de apagar as marcas
Mas no meu corpo elas continuariam intactas.

Por você, por mais ninguém
Essas marcas...

- Nayara K.
(Lady Byron)

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Êxtase


Pele arrepiada ao toque de mãos macias,
Voz que acaricia meu ouvido
Seus dedos que me tocam de diferentes manias
Almas entrelaçadas e beijos corrompidos

Línguas que se desejam e se buscam
Corpos que se sufocam em um único ardor
Suor que escorre sobre costas que soluçam
Algo em que encontramos êxtase e nunca temor

Ventre despido em uma lâmina quente
Espada e cálice juntos em um momento
São apenas almas, sem usufruir da mente
Atos ilícitos feitos com sentimento

Não precisam se ver
Precisam apenas se tocar
Não irão se conter
Irão apenas se desejar.


- Nayara K.
(Lady Byron)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Perfume


Essência análoga a ânsia,
Causa-me cóleras o cheiro que perfume meus pulmões,
Que centraliza-me sobre a repugnância
Que faz juras ao redor de ladrões.
Os doentes ão de espiar-te
Dominar o olfato da terra e saudades
Flores de veneno a apedrejar-te
Num mundo envolto de grades.
Meu cheiro que esbroa sobre minha chaga
Essência inebriante da mão que te afaga
Afasta-te de mim, teu beijo eu escarro
E do doce ar que baila, o fedor do cigarro.
Não necessito de mais estímulos a vida,
A ti e a teu cheiro minha alma espera
E não importa se há uma tumba caída
Pois tu não és anjo nem és fera.
É mais uma essência perdida
No mundo grotescos dos ardores do cheiro
E adoradores da misericórdia vivida,
Em que se resume em um único beijo.
Lady Byron
(Nayara K.)

COMUNICADO

Aos meus caros visitantes,
Estive postando anteriormente capítulos do meu livro (prestes a ser pulblicado), chamando Relíquias. Por enquanto, apenas três capítulos foram colocados aqui. Eu realmente esperava mais comentários a respeito do meu livro e etc. Mas, como isso não aconteceu, resolvi postar por partes aleatórias.
Não postarei apenas capítulos do meu livro. Eu alternarei com poesias, contos e outras coisas na qual vocês já conhecem.
Aos que leram meu livro, meu MUITÍSSIMO obrigada. Serão recompensados pela minha pessoa, se quiserem, óbvio, que eu mande um exemplar. Os que não comentaram mais se interessaram, vou deixar o meu e-mail de contato para pegarem os capítulos restantes (se a curiosidade de vossos exelentíssimos estiver martirizando-os). Enfim, agradeço a atenção e a compreensão dessa indigente poeta-escritora.

Abraços,
Lady Byron
(Nayara K.)

domingo, 17 de maio de 2009

Relíquias - Nayara K.

Capítulo III

Caim possuía um cheio típico agridoce. Algo que unicamente dele. Era alto, o que me fazia erguer a cabeça para poder contemplar seus olhos negros como carvão e profundos como as águas do mar. Seu cabelo formava lindas cascatas de cachos que tampavam sua nuca e caia sobre seus olhos. Tinha a pele morena bem clara e os dentes alvos. Da última vez que o vira, usava aparelho, porém, agora só havia os dentes perfeitamente alinhados. Não chamava muita atenção como os outros garotos que havia na universidade, mas era de uma bondade e uma alegria sem tamanho, e isso irradiava luz por todo o seu corpo, deixando-o o mais belo dos meninos (pelo menos para mim).
Logo que percebi que era ele, fiquei estática. Não tinha reação nenhuma. Olhava estupefata, com os olhos totalmente arregalados e um ar de nostalgia misturado com excitação me corrompeu. Era como reviver minha época adolescente, e relembrar o momento em que conheci Caim.


Era uma tarde chuvosa e cheguei ao conservatório de música totalmente molhada. Isso era Agosto de 2007. Timidamente me sentei no fundo, esperando que ninguém notasse a minha presença, ou que pelo menos me ignorassem. Tinha vindo transferida de outro conservatório que não tinha me adaptado, principalmente com as pessoas. Nunca fui de um grande carisma.
Caim não foi o primeiro a olhar para trás para me analisar. Aliás, esse dia ele chegou atrasado, muito atrasado. Outro menino me observava com um olhar delicado, mas que me incomodava. Eu via que as meninas cochichavam sobre mim. Não me importei. Não fazia importância. Estava lá para especializar o que sabia de música, o que minha mãe havia me ensinado. A porta se abriu e o cheiro agridoce encheu toda a sala. Ele entrava desesperado, desculpando-se com a professora e dizendo que tinha perdido a hora. Desculpa clássica, eu pensei. E Caim foi obrigado a sentar do meu lado, no fundo da sala, pois não havia outro lugar. Nunca mais me esqueci desse dia, devido ao fato de começar a acreditar em anjos.


Caim olhou-me serenamente nos olhos, e fui despertada da minha nostalgia a ouvir sua voz.
- Haidée?!
- Caim?! Não acredito que é você... Depois de todo esse tempo, você... Você voltou!
- Na verdade, Haidée, eu vim ver Juan. Suspeito que você o conheça que no mínimo ele seja o seu professor.
- Ah, sim. Acabei de conversar com ele. Mas, o que quer com um professor de História? Pensei que estivesse em outra cidade, fazendo Música.
- Na verdade estou sim, Haidée. Só que eu vou fazer um trabalho especializado em História da Música e minha professora, me mandou vim aqui procurar o Juan. Disse que ele poderia me ajudar e etc. e tal. Não sei.
- É, ele é ótimo. Vai gostar dele. Eu tava ajeitando a minha inscrição para a excursão dele para a Biblioteca Nacional e...
- Biblioteca Nacional?! – por um momento o tom de excitação e euforia de Caim realmente me assustou.
- É...
- Vamos, Haidée. Vou fazer essa tal inscrição.
- Caim... Espera... Eu...
- Você nada! Faz anos que não a vejo, e isso realmente me fez mal.
- A mim também...
- Então venha comigo! Depois vamos tomar um café no Sweet’s and Coffe’s. Nunca me esqueço dessa cafeteria quando venho pra cá.
Caim me puxou pelo braço, levando-me de novo a sala de Juan. Fizemos a inscrição e tivemos que ouvir uns resmungos de Juan que pelo visto, queria logo que fossemos embora. Tinha mudado de roupa da hora em que eu fui até a sala dele, e na hora que fomos Caim e eu. Provavelmente iria sair. Senti uma ponta de Iago em mim. Mas decididamente, isso não importava. Estava disposta a passar o resto de minhas horas com Caim, conversando sobre coisas tolas e rindo das coisas passadas. Meu melhor amigo que ressurgia das cinzas.

domingo, 10 de maio de 2009

Relíquias - Nayara K.

Capítulo II
Era por volta das cinco da tarde, e eu estava sentada no ponto de ônibus, com todos os meus livros no colo, completamente despenteada com um terrível cara de sono. A aula tinha acabado havia uns vinte minutos, e agora, não via a hora de chegar em casa. Ainda não tinha conversado com Inês, desde o horário de almoço, Conrado não desgrudou dela. Por um lado, ficava feliz pela minha amiga, Conrado era um excelente rapaz.
O sono batia enquanto esperava o ônibus. Já não podia controlar minhas próprias pálpebras. Como era horrível essa sensação! Fui inesperadamente despertada do meu estado sonâmbulo por Inês, que vinha esbaforida a minha procura.
- Haidéé, eu te procurei por todo o campus...
- Desculpe Inês... É que preferi deixar você e Conrado a sós.
- Ora, até parece que não me conhece! Sabe que pra ficar com você troco qualquer homem, até por mais bonito que seja.
- Obrigada... É difícil encontrar amigas como você, Inês. Acho que no meu caso, é só você.
- Tudo bem, chega de ficarmos nos melando. O que eu tenho pra te contar é sério.
- Bem, é sobre o que?
- Juan...
- O professor?
- O próprio.
Não sei descrever o meu rosto naquele momento. Estava atônita. Não tinha contado nada nem ao menos para Inês. Contado o que? Não tinha nada o que contar mesmo. Mas fiquei gélida e meu coração disparou. Gosto amargo na boca...
- Então, é... Diga Inês...
- Arranquei logo o anúncio quando ele colocou. Não esperei que outro visse. Ele está agendando uma excursão para a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, só que tem um problema.
- E qual é?
- Ele só vai levar três alunos de toda a Universidade.
- Então quer dizer que não é uma excursão para os alunos de História?
- Não, não é. E os alunos têm até amanhã para se inscreverem e fazerem uma prova. Só vão aqueles que foram absurdamente bem na prova. E você conhece como são as provas do Juan... Eu nem me habilito a fazer esse tipo de coisa. Tome, pegue o anúncio aqui. – Inês me entregou uma folha sulfite A4 dobrada em vários quadrados. Letras em arial negrito destacavam o título que dizia: “História a fundo: Excursão para Biblioteca Nacional”; logo depois vinham as instruções para inscrição e etc.
Aquilo foi um choque, meu sono dissipou-se e sai correndo para a sala de Juan. Ainda deu tempo de gritar um “Muito obrigado, Inês.” Estava eufórica.

Correndo para encontrar Juan o mais rápido possível, passei perto do lugar onde supostamente havia visto uma mulher enterrando algo. Olhei atentamente para o solo, e realmente tinha um monte de terra mais alto do que de costume. Minha demasiada curiosidade me fez parar por um instante e ir analisar o monte de terra. Estava úmido. Deixei meus materiais no chão e ajoelhei sobre o chão e comecei a escavar o solo. De repente, ouvi uma voz surgir atrás de mim:
- Não deveria fazer isso, menina. Vai sujar suas mãos de terra.
Cai sentada no chão, manchando toda a minha calça jeans e o meu tênis de terra. Olhei para a figura que me chamava. Só me aliviei quando percebi que era Juan.
- Ah, olá, professor. Ahn... Er... Desculpe, eu...
- Qual a sua intenção em cavar buracos, Haidée? Você está escondendo ossos como cão de desenhos animados?
- Não, não... Na verdade, eu estava te procurando. Vim falar sobre o à excursão para a Biblioteca Nacional.
- Não pensei que iria demorar tanto. Esperava que fosse a primeira a se inscrever.
- Infelizmente não. Inês arrancou o anúncio para me avisar depois, mas, acabamos nos desencontrando e só fiquei sabendo agora.
- Então venha comigo. Vou te dar a ficha de inscrição. E mais uma coisa: se fosse você amarrava uma blusa de frio na cintura. Você se sujou bonito.

Novamente minhas faces ficaram quentes e ruborizadas. Mas agora, era por causa da situação em que se encontrava a minha traseira, horrivelmente cheia de terra.
Entrei na sala de Juan e preenchi rápido a ficha de inscrição. Ele me disse que quarta feira era o dia da prova, e para eu chegar uma hora mais cedo para fazê-la. Era algo bem sucinto, visto que não tinha recebido muitas inscrições. Não mais que dez alunos. Mas, entre esses dez, iam ser escolhidos apenas três. E isso, me deixava nervosa, pois viajar para a Biblioteca Nacional era um sonho meu desde a época do Ensino Médio.
Na volta para o ponto de ônibus, acabei passando por aquele monte de terra novamente. Fiquei tão hipnotizada por ele, a visão era até bonita. Um pequeno buraco escavado pelas minhas próprias mãos. Mas dessa vez, não parei. Continuei minha caminhada. E estava tão absorvida nos meus pensamentos que acabei trombando com alguém. Alguém com um cheiro agridoce. Alguém com um cheiro familiar. Caim.

domingo, 3 de maio de 2009

Relíquias - Nayara K.

Capítulo I
O ar gelado chegava nos meus pés e os faziam tremer. Minha mão procurava em vão o cobertor fino que teimava em escapulir entre meus dedos conforme minha perna se debatia. Meu pijama fino de algodão não esquentava-me. Que horrível! Meu subconsciente ainda tomava conta de mim quando resolvi me levantar e fechar a janela. Esfriara de repente. E, convenhamos que em pleno Fevereiro, não é de se fazer frio aqui no Brasil. Mas, tudo pode mudar, já que o homem tem mudado o clima em todo o mundo.
Deitei novamente, mas dessa vez, o sono não veio. Como detestava acordar a noite por causa disso. Eu sempre perdia o sono. Tudo bem, vou ler um pouco. Ler?! Sim, ler. Minha paixão é a leitura. Principalmente sobre livros de História. Sem contar a paixão pelo meu piano. Dom de família, herdado de minha mãe. Mas a Música não entra agora, não nesse contexto.
Desculpe, leitores, não ter dito meu nome ainda. Sou Haidée, e curso o primeiro ano da faculdade de História na Universidade de São Paulo. Beleza não é o meu ponto mais forte. Cabelos ondulados loiros, olhos castanhos e comuns, corpo comum sem formas voluptosas e uma pele extremamente branca. É, eu fugia do Sol. Voltamos a noite do meu quarto.
Deitei na cama com o meu livro de História Medieval. Talvez, o sono viesse conforme a leitura. Ou não viesse. Mas, com a História Medieval, comecei a lembrar-me sobre o a obra escrita por Lord Byron, "A Peregrinação de Child Harold" e isso me fez viajar para dentro daquele romance. Quando dei por mim, já era de manhã e provavelmente chegaria atrasada na faculdade. Eu sou metódica, e tinha me levantado quinze minutos mais tarde, o que me custaria chegar na universidade sem o café da manhã.
- Haidée? Preciso te contar umas coisas... - Logo que cheguei na faculdade Inês, uma amiga minha, já vinha com suas fofocas e lorotas. Apesar de tudo, gostava dela. Era minha amiga. Garota bonita, que chamava atenção dos homens com o seu corpo produzido na academia, seus cabelos lisos e pretos e um rosto fino. Talvez fosse por isso que sempre tinha uma novidade do seu final de semana.
- Sim, Inês..No intervalo conversamos. Estou com sono, e tenho certeza que se não prestar atenção na aula, vou ter que repetir a materia.
- Ora, cale a boca, Haidée. Você é a mais estudiosa entre todos aqui. O que foi, teve uma noite agitada com alguém?
- Pelo amor de Deus, Inês. Sabe que não! Fiquei no meu apartamento batendo grandes papos com...
-...com as paredes, como sempre!
- Ia dizer com o meu cachorro.
- Não importa. Você vai adorar o que tenho pra te falar. Vai dar saltos mortais!
Não deu para continuar a conversa. O professor Juan abriu a porta e jogou os livros sobre a mesa, como sempre fazia. E com o seu olhar profundo e seu jeito egocentrista começou a falar sobre a matéria. Apesar de tudo, ele me encantava com seus cabelos negros e sua inteligência.
- Abram o livro de vocês na página 128. Iremos falar hoje sobre o homem paleolítico no seu estado emocional e como...
Devo admitir que não foi uma das aulas mais produtivas. Eu estava inerte, segurando os olhos, e com a mente tão longe nos meus segredos e tentações particulares. E confesso, curiosa para saber o que Inês tinha para me contar. Ela sempre falava dela, mas dessa vez, disse que era algo que eu iria gostar, portanto, alguma coisa sobre mim. Mas enfim, o intervalo chegou. Disse a Inês que iria pedir uma explicação para o professor Juan sobre algo que não tinha entendido, e que era pra ela ir na frente, reservando lugar em uma mesa para almoçarmos. Era mentira. Não tinha dúvida sobre nada, embora não tivesse prestado atenção na aula. Era mais uma desculpa para ficar um pouco mais perto de Juan.
- Er, olá, professor.
- Olá, Haidée. Estive olhando para você hoje. Me parece cansada.
- Ah, sim, sim. É que, não consegui dormir e resolvi estudar. É...história medieval.
- Mas a sua aula sobre história medieval é só na terça com o Siles. Está tendo problemas com ele?
- Não, não...É que...Me fascina, sabe? História Medieval...
- Então minha aula não deve te agradar nada...
- O senhor sabe que agrada...Bem, desculpe tomar o seu tempo é que...Que...Queria te perguntar se...Se...Se o senhor se importa de me passar o nome de algum livro sobre sua matéria mais aprofundado?
- Haidée, o livro que passei é o mais aprofundado possível. Você é inteligente, garota. Não fique apavorada por perder uma noite de sono.
- Sim, sim, claro. É...deixe-me ir, professor. Desculpe-me...
- Haidée...
- Pois não?!
- Chame-me de Juan, está bem?
- Ah, claro...
Minhas faces estavam certamente coradas. Saí as pressas para o ele não perceber o meu rubor. Atrapalhei-me toda com o caminho para a lanchonete, onde esperava encontrar Inês sozinha (algo que seria quase impossível). Como suspeitava, Conrado (um outro aluno da turma, jovem loiro, bonito, porém intelectualidade não era o seu forte), já estava sentado com Inês jogabdo seu charme. Deixei os dois a sós e fui me sentar perto da janela. Pelo menos, dava pra almoçar observando o lindo campo da universidade. E tamb[em, uma moça enterrando algo perto das...Enterrando?! Quem era aquela moça? Apertei os olhos para enxergar melhor e depois os esfreguei. Não havia nada. Talvez fosse a fome, talvez fosse o sono. A questão é que deixei de lado a minha suposta miragem junto com as minhas dúvidas...Voltei a cabeça para a comida.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Á Lord Byron




A morte ri de nós
Enquanto nos preocupamos em viver.
Mertamorfoseada em sorrisos
Minhas lágrimas salgadas dramáticas.

Cavalheiro de cabelos cacheados
Coxo por natureza, que penso ser um dom divino
Não nascestes com pretextos ruins
Mas sim com o dom de costurar os sentimentos.

Sou de ti, a dama mais fogosa
A que se entregou com todo o gosto ao esmo
E a Morte, Oh! pobre Morte,
De mim não irá cobrar o perdão te acariciar-te

Mas, lembro-me de uma frase dita
Quando os rostos se aproximam
Melhor é que se cerrem os olhos
E abram-se as bocas.

Tu, foi de mim a inspiração completa
Não sei se compreendes pois tão longe já estivera
Em terras distantes com nobres damas
A esquentar teu leito em noites frias.

Tenha certeza, Oh! nobre cavalheiro
Tu és pra mim, a Utopia
A máscara que cai enquanto choro por ti
O mundo que baila em cima do céu e do inferno.

Não há anjos para trazerem você de volta
Mesmo que houvesse, seria mais fácil que me levassem
Pois te amar como amo,
É um passo para se condenar.

Se já não bastasse as flores murchas
Se já não bastasse o mármore frio
Tenho teus versos guardados
Para afagar-me quando sinto o vazio.

Lady Byron
Nayara K.


(Poema retratando o meu amor por Lord Byron de forma utópica, pois ele não pertence mais a este mundo, e sempre penso nele como o melhor homem já existente. Amor incondicional e platônico por alguém na qual tenho certeza que nunca verei: George Gordon Noel Byron.)

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Lullaby


Mãos trêmulas me impedem o sentimento,
Dedos gelados não me dão o movimento,
E as lágrimas que escorrem por isso, e outros motivos
Que não me dão trégua, o malfeito dito.

Tens uma voz doce que entrega-me á alma
Não há porquê, não há alguém que acalma
Sinto os olhares desaprovados em minhas costas
É um emaranhado de sons e notas mortas.

Monstro de madeira e marfim
Que faz dar-me o melhor de mim,
Que me seduz apaixonado
Que me reduz a um mero caco.

Não me abandones nessa valsa tão bela
Sei que tu me entende mesmo na ofuscante luz de vela
Se que tu és meu companheiro eterno
Mesmo que amedronte-me, mesmo no inferno.

Aquela voz que fez-me perceber tua sombra
Não és monstro, és fiel, não amedronta
És mais que um, são cromas, são notas vibrantes
São fragemntos de sentimentos oscilantes.

Decepcionei-te, e ainda mais ao meu próprio eu
Que conjurava versos sobre a peça que me doeu
Mas não incomode-se, as besteiras ditas e o quase desistir
A voz, fez-me perceber que as lágrimas não eram de ti.

Deixe-me sozinha um pouco
Antes que o medo seja mais louco
Não te deixarei, piano imortal de vasto som
Me escutar e me apoiar é teu perfeito dom.

Nayara K.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Rimas de vida


Vida de lama e vida de pedra,
Folhas que caem, frio que me cerca
Ao desvencilhar-me do grito de dor
Não consigo encontrar o que chamam de Amor
Talvez a morte [e sim, talvez a melhor saída]
Mostrar-me-ia aonde está a alegria
Versos em prosa, em rima do mundo
O que Drummond dizia na apologia a Raimundo
Forjados em berços de ouro se fez
O riso insolente dos inocentes outra vez
Não é isso que desejo, mais do que creio
Não é isso que quero mais do que anseio
É, o sangue [e talvez a melhor bebida]
Fossem companhia minha esta noite caída
E a lâmina que perfura os pulsos latejantes
Dilaceram a carne das veias pulsantes
Ah, esse vasto mundo sem nome
Traga-me o ócio de viver sem fome
Fome de vida, de liberdade
Coisas que não ultrapassam, [ou sim] a saudade.
Deixe-me sentar e repousar sobre um mármore
Deixe-me ir com meu ópio, á lugares que me acalme
Ainda que fosse do tempo a poetiza mais bela
Teria versos em que desabafaria as almas repousadas na janela
E depois, dormiria como o céu
E não pousaria sobre minha cabeça, nenhum véu
Que me faria pior do que estou
A quem uma dia mais amou.
Nayara K.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Mary Shelley

Naquele lago congelado pelo tempo
Amantes pelo primeira vez no véu lento
Talvez o ópio, talvez o absinto que bebeu
Talvez o próprio amor que nos aqueceu.


Éramos dois juntos em um só corpo, alma fadada
Em Missolonghi farei minha última jornada
Não te abalas os comentários das casa que frequenta
Não te calas o sóbrio homem que se ausenta


Oh! na Flor da Beleza arrebatada
Não há de te oprimir tumba pesada;
Em tua relva as rosas criarão
Pétalas, as primeiras que virão,
E oscilará o cipreste em branda escuridão.


Sabemos que o pranto não se oscilará
Algo que atenção a Morte não dará
E feito o malfeito digo do feitio
Resto de pele que a terra encobriu.


Virão as águas da azul fonte
Qubrarão a ruidosa ponte
E ao que me diz ao teu, semelhantemente
É que nos amamos ardentemente
No lago congelado ás beiras do estudo
Converto-me o nada em algo que é tudo.

Nayara K. (Lady byron)
(Baseado no poema "Oh! na Flor da Beleza Arrebatada" de Lord Byron - descrevo aqui, juntamente com o poema, o caso de amor entre Lord Byron e a Mary Shelley, a autora de Frankstein.)

domingo, 29 de março de 2009


Ela respirou fundo e foi ver seus emails. Era um noite como outra qualquer. Havia chovido, tinha esfriado, o som dos orvalhos caindo chamavam a atenção. É, ela não pensou que teria algo esperando por ela. Algo que tinha ido embora á muito tempo, que havia a deixado, que não se importava mais, que a fizera sofrer, chorar, até sangrar com os pulsos abertos. É, ela não pensou que se depararia com isso, e que ficaria estupefata.
Ao ler, reler, imprimir, reescrever...Lembrou-se de todo seu passado. Os beijos, os abraços, os carinhos trocados, os toques, as palavras sussuradas ao pé do ouvido. Até aquela suspirada frase de amor dita apenas uma vez. Ela se lembrou. Lembrou que ele a deixou, que ele a machucou, que ele pisou em seus sentimentos, que ele a trancou num cárcere de solidão, que ele era seu amado.
Colocou uma música. Som de piano bateu em seus ouvidos. Ela chorou. Limpou as lágrimas para ninguém perceber. Olhou a cicatriz de seus pulsos. Ah, fora ele quem a fez fazer aquilo! Por que ele voltava? Para que? O que aconteceu? Dizia palavras sobre um futuro incerto e como tinha sido feliz ao lado dela. Dizia palavras sobre o céu, falava do tempo, e de livros que leram juntos. Falava de suas escolhas medíocres, de sua péssima índole e de como ela o fizera feliz.
Ela era ingênua, o amava. Ambos concordaram que algo além atrapalhava o amor furtivo, mas ele a decepcionara. Não, ela não o queria de novo. Sim, ela o queria. Queria o gosto daquele beijo que roubaram dela, queria o abraço quente que retiraram de seu corpo, queria o deleite de deitar-se ao mesmo leito que ele mais uma vez. Mas ela não podia, apesar de tudo, não queria sofrer, queria viver.
Ao encontrá-lo, tudo que pensava não saía de sua boca. Onde estaria agora, aquele sujeito valente que a tinha largado? Onde estaria, agora, aquela outra mulher de olhos claros? Não, ele a amava. Descobriu isso tarde demais. Embora as palavras não saíam, o silêncio foi o suficiente. E o último beijo fez-se surgir daquelas bocas sedentas de amor, molhadas de solidão.
Ela virou-se. Ficou de costas, foi embora. Quebrada por dentro, sofrendo, chorando, procurando um futuro longe dele. Correu, ele foi atrás. Se amavam e como se amavam. Mas ela não virou-se, ele tinha que sofrer como ela sofrera.
Chegou em casa, tirou os sapatos de lona barata, desamarrou a pequena blusa de algodão, e a calça jeans, a única de marca que possuía. Deitou-se na cama, respirou fundo. Ah, que aperto no coração. Abriu o sutiã, e completamente pelada, olhou-se no espelho. Os olhos vermelhos, os cabelos loiros encaracolados despenteados. Seu corpo não era dos mais perfeitos, nem dos mais feios. Não era de toda bonita, mas ele a achava linda. Suspirou, deitou-se na cama novamente. Adormeceu...não acordou mais. Os anjos vieram buscar sua alma ao paraíso dos céus.
Naquela tarde chuvosa, ele se deitou sobre o caixão de mármore. E chorou. Chorou como nunca havia chorado antes. Ele a fizera sofrer, e agora, uma parte dele tinha ido embora, percebeu agora, o quanto sua vida era sem sentido.
Nayara K.
(Lady Byron)
- A inspiração desse conto, deixo apenas um lembrete:
"♥"

quinta-feira, 26 de março de 2009

Desabafo a ti

Palavras cuspidas em minha face alva
Névoas de veneno que exalavam ódio
Seu hálito quente e ácido
Tudo a me conspirar as banalidades estúpidas

Desapego-me a ti cada vez mais
Era a hora de me ver contente por vitórias,
Não vê, não sente, não quer...
Tão pequeno o coração empedrado de raiva.

Resquícios do que foi algum dia amado
Hoje me saem da alma,
cárcere de um prisioneiro acorrentado
E que já não fostes, mal consumado

Devias ao menos a idolatria que não tens
Navio negreiro onde repousa os teus sentimentos
Devias ao menos o orgulho que não tens
Digerido pelos seus vermes da luxúria.

E se a falta sentires de mim algum dia
Procure-me onde os abraços são mais apertados
os amores, mais verdadeiros
e os beijos doces mais molhados.

Nayara K.
(Lady Byron)

quarta-feira, 18 de março de 2009

Grandes Irmãos


Salve, salve
heróis da ignorância e da futilidade
Salve, salve
Pessoas feitas de moedas e de consumo
Salve, salve
Máscaras do capitalismo de cheiro acre.
Que tal dar aquela espiadinha,
Nas faces sujas dos cidadãos sem nome?
Que tal dar aquela espiadinha,
No mundo cinza que você está pisando?
São nossos heróis esculpidos,
corpos perfeitos e sorrisos brancos,
que não se encaixam nos subúrbios
que não se encaixam na realidade.
Salve, salve
Os sorrisos que não tem mais valor
Salve, salve
O tempo gasto para telefonar
e não alimentar-se de conhecimento.
Mídias, médias, custo, lucro
Milhões, carros, e uma grande parede
Que domina, que alucina, que vicia
assim como o ópio na primeira tragada.
Crianças, pobreza, indigência, fome
Desemprego, desafeto e estrupo
Coisas na qual nossos Grandes Irmãos Brasileiros
Nos fazem esquecer, e nos remetem ao ignorante.
Salve, salve
Serão esses nossos heróis?
Nayara K.
(Crítica aberta ao programa Big Brother Brasil)

sexta-feira, 13 de março de 2009

O Concerto de seres


Álacres sons que dançavam em meus ouvidos
Um grande tropel a absorver tuas notas
Era antíofas ou salmos que eram proferidos
Fatos quiméricos sobre almas mortas
Tu que me corrompia com teus inefáveis sons
Soava-me a ária que agora me apaixono
Eram seus tantálicos e cabalísticos dons
Que na corda vibrante tornava-se, meu dono.
Guardo em mim teu acre eflúvio
E minha boca mádida do último beijo roubado
Espero ansiosava por músicas de um dilúvio
Na pequena rua feita de meninos do um novo Savo
Minha alma diáfana espera por ti, ansiante
Nessas melodias lamuriantes de amores
Em que cada vez me faço-me amante
Harmonias de Cor, Perfume e Sabores.
Nayara K.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Versos ao rapaz que passa


O som do meu piano mudo ecoa entre as paredes,
Hoje ele veio me dizer coisas comuns e não dei atenção,
Hoje ele veio me dizer coisas da vida, e não quis escutar
Mas quem dera, eu não pudera.

Hoje percebi que minha vida não é entendida
Hoje ele veio me dizer que não mais importava
E tarde da noite me liga, me chama,
Como um fantasma de sons que me procura.

Eclodindo novos ruídos em meu ouvido
Com uma visão pernóstica do ser
E erudindo causas e consequências
De algo forte como o amar.

Não o amo, eis o fato,
Mas temo em perdê-lo, eis a contradição.
Não me reténs os maus modos,
Mas me envergonhas os alvoroços.

Não me apanhas as mil maravilhas
E nem sei o porquê de escrever esses versos sem sentidos
Sem rimas e sem cores,
Mas recheados de sentimentos, meus sentimentos.

Hoje descobri que não consigo amar
E que minha maldição é te confrontar.

Nayara K.
(Lady Byron)

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O menos possível


Já me amarrei muitas vezes em alguém,
e sempre me enforcava na própria corda.
Já gritei muitas vezes por socorro,
mas nem precisava gritar.
Já enganei muitas vezes o medo,
porém, de mim ele nunca saiu.
Já corri contra o vento, só pra sentir uma brisa fria,
e acabei ficando doente e com vertigens.
Já tracei planos pro futuro em papel de seda,
mas seda rasga fácil e eles foram esquecidos.
Já pensei em não amar e continuar perambulando sozinha,
mas já sinto falta do corpo quente do ser humano.
Já me deixei levar por falsas promessas,
e de vez em quando, ainda me lembro delas.
Já me remoei de raiva por pessoas incrédulas,
mas descobri que elas sempre existirão.
Já escrevi poemas parnasianos, simbolistas e românticos,
mas vi que muitos nem ligavam pro sentimento neles contidos.
Já usei outros nomes pra enganar a tristeza,
mas ela sempre me apanhava no momento mais feliz.
Já enganei a própria fome dizendo que nada queria ingerir,
mas eu estava faminta e com medo de partir.
Já chorei lágrimas e derramei meu próprio sangue,
mas de nada adiantou e continuo aqui.
Já me entreguei de mãos beijadas á todos os males,
mas, de algum modo, eu me levantei e a caminhada prossegui.
Já amei demais meus amigos e também os inimigos,
mas, sempre em algum dia, eles me esqueceram e depois, se lembravam.
Já quebrei meus brinquedos por ódio ou por amá-los,
mas, eles são apenas brinquedos de plástico.
Já me escondi e tampei os ouvidos pra não ouvir,
mas, tenho o dom de ter uma audição incrível.
Já tampei os olhos pra não ver,
mas o que não podia ver, já o tinha visto.
Já disse a mim mesma pra continuar vivendo sorrindo,
mas, descobri que o sorriso dói demais.
Já disse aos meus pais para me esquecerem,
mas o que eu mais quero, é tê-los ao meu lado.
Já quis sair de casa para ter diversão,
mas, nunca tive a diversão esperada.
Já cometi erros de que me flagelo e me machuco,
mas essas marcas não se apagam.
Já estudei bastante pra massagear meu cérebro,
mas ainda tenho dúvidas sobre como pensar.

E eu ainda imagino um menos possível com um mundo colorido.
E eu ainda quero um menos possível para ser feliz.
E é trajando essas emoções, que vejo que quando se importa o menos possível, acabamos nos dando o mais da vida.


Nayara K.
(Lady Byron)

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Expugnação de medos


Eis que aqui posto-me diante de ti,
Flagelando o próprio corpo á merce de tiranos,
Aqueles que fizeram-me mentir
E contestar os pretextos humanos.
Uma ópera bem escrita e distinta
Um livro inacabado de páginas amareladas
E uma fera dentro de mim, faminta
E que eclode no meu ventre e pele, intocadas.
Mofos e fungos que na minha carne grudam
Não sinto mais coragem de retirá-los
Fazem comigo o mais belo teatro, sussuram
E aos meus prantos, acovardá-los.
E no sangue que despeja em mim
Ó misericordioso ser invisível
Usa máscaras e pronuncias o latim
Regatar-me nunca irá, pouco perecível
Entrego-me aos medos que vencem
As dúvidas que em minhas veias fluem, nadam
Os fantasmas que mentem
E a vida que me abandona, eis que não tenho
mais nada.
Nayara K.
(Lady Byron)

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O Cárcere de pedra.


Lapidados ao eterno descanso
Fatigados ao mero dom de amar
E no túmulo que encima danço
Com os olhos vedados a ver o mar.

Seria o belo e o místico calado
No cárcere que jaz a minha trama
E aquele que jaz ao meu lado
Frio e intacto, apetece-me o drama

Mentiras alheias contadas ao vento
Palavras escritas pelo sangue impuro
E amar de novo dirá o tempo
O som do meu piano duro

O coração de pedra hoje se faz
Ou se faz de pedra um coração?

No cárcere de pedra entra atroz
Ou entra o atroz empedrado do cárcere?

Mundo oblíquo que mal me faz
Me tiraste o que restava dos sentimentos humanos
Hoje a dúvida, cólera me traz
Pedras que caem sobre amargos santos.

Prepara-te o martelo, a foice e a corda
O artesão que moldará meus sentimentos
Não me deixa as moscas, comendo a carne morta
Não me deixa ao cárcere de amor sedento

Não me amedrontas mais os insetos
No cárcere eles ão de existir
Desgarro do medo de me cair os tetos
E ao fim da canção, não há porquê mentir.

O cárcere lapido de pedra jaz intacto
Intacto a pedra do cárcere jaz.


Nayara K.
(Lady Byron)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Grito de soneto


Oh, vívida luz que tão cedo tremula,
Não cansas de me desancar
Testemunha é o brilho ofuscante do Sol
Que desatina minha dúvida nua.

Nova carnificina que me persegue
Se esconde por trás do seu doce cheiro
e antes que até o céu me negue
Tenho despertado o meu intocado desejo.

Tocar-te a alva pele fria
Coberta por murchas rosas vermelhas
e a voz, que fala-me ás orelhas
é cega pela noite sombria

Oh, cândidos nomes embaralhados
Completa-me a alma indigente
Com os bocejos e gracejos do inconsequente
Sem preocupar-se com os cabelos enlamedados.

E nessa batalha tão ambígua e nefasta
Desapareça-me as cóleras e medos
e onde apenas havia fogo e fumaça
Hoje canta a música, e faz-te cortejos.
Lady Byron
(Nayara K.)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Desdita de amor.

Lágrima salgada que teima em cair
Meu pranto desesperador causa-me cóleras
É soluçante meus gritos, ao ver-te partir
Segurando aquela rédea frouxa e acenando ao nada.

Entreguei-me a você no mais belo romance
Recheado de desavenças e carinhos
Quero deitar-me no seu abraço aconchegante
e esparar paciente pelos seus murmúrios.

Esse amor afável
Está a me consumir por inteiro
A dor lamuriante, porém amável
Tira-me o sangue que tanto anseio.

Não vá agora, andando entre as trevas
Espere-me para poder apertar-te a mão
E curar-te de medos e lepras
Algo que apenas suporta meu ígneo coração.


Lady Byron
(Nayara Kobori)

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

O Abraço



Rosa:
Abro a janela do meu mundo
Recebo as ventanias dos sete mares
Me perco em devaneios contínuos
E acabo no mesmo caminho oblíquo.

Uma estrada de terra seca
Que me chama, me traga
E nesse medo e curiosidade
Descubro alguém para cobrir meus fantasmas.

...Espartano!


Espartano:
Recebo um poema noturno,
contído agora em minha vida fatigada,
tu és a Rosa que traz-me o lume
ao tédio contínuo da ânsia abastada.

trago-te agora
a arda chuva crispada
molhar-te a terra seca
e incisar com minha espada
pedra intensa encera em cena
incensa de vedra insensata
sob tua destra isenta
que me escreve amada sensata.

As águas dos mares são sinuosas
e nem por isso traz-nos desassossego
sinta o vento de tua janela
trazer-te aos braços um abraço de apego...

...o meu abraço.



- Rosa & Espartano. (Viagens Poéticas)