domingo, 3 de maio de 2009

Relíquias - Nayara K.

Capítulo I
O ar gelado chegava nos meus pés e os faziam tremer. Minha mão procurava em vão o cobertor fino que teimava em escapulir entre meus dedos conforme minha perna se debatia. Meu pijama fino de algodão não esquentava-me. Que horrível! Meu subconsciente ainda tomava conta de mim quando resolvi me levantar e fechar a janela. Esfriara de repente. E, convenhamos que em pleno Fevereiro, não é de se fazer frio aqui no Brasil. Mas, tudo pode mudar, já que o homem tem mudado o clima em todo o mundo.
Deitei novamente, mas dessa vez, o sono não veio. Como detestava acordar a noite por causa disso. Eu sempre perdia o sono. Tudo bem, vou ler um pouco. Ler?! Sim, ler. Minha paixão é a leitura. Principalmente sobre livros de História. Sem contar a paixão pelo meu piano. Dom de família, herdado de minha mãe. Mas a Música não entra agora, não nesse contexto.
Desculpe, leitores, não ter dito meu nome ainda. Sou Haidée, e curso o primeiro ano da faculdade de História na Universidade de São Paulo. Beleza não é o meu ponto mais forte. Cabelos ondulados loiros, olhos castanhos e comuns, corpo comum sem formas voluptosas e uma pele extremamente branca. É, eu fugia do Sol. Voltamos a noite do meu quarto.
Deitei na cama com o meu livro de História Medieval. Talvez, o sono viesse conforme a leitura. Ou não viesse. Mas, com a História Medieval, comecei a lembrar-me sobre o a obra escrita por Lord Byron, "A Peregrinação de Child Harold" e isso me fez viajar para dentro daquele romance. Quando dei por mim, já era de manhã e provavelmente chegaria atrasada na faculdade. Eu sou metódica, e tinha me levantado quinze minutos mais tarde, o que me custaria chegar na universidade sem o café da manhã.
- Haidée? Preciso te contar umas coisas... - Logo que cheguei na faculdade Inês, uma amiga minha, já vinha com suas fofocas e lorotas. Apesar de tudo, gostava dela. Era minha amiga. Garota bonita, que chamava atenção dos homens com o seu corpo produzido na academia, seus cabelos lisos e pretos e um rosto fino. Talvez fosse por isso que sempre tinha uma novidade do seu final de semana.
- Sim, Inês..No intervalo conversamos. Estou com sono, e tenho certeza que se não prestar atenção na aula, vou ter que repetir a materia.
- Ora, cale a boca, Haidée. Você é a mais estudiosa entre todos aqui. O que foi, teve uma noite agitada com alguém?
- Pelo amor de Deus, Inês. Sabe que não! Fiquei no meu apartamento batendo grandes papos com...
-...com as paredes, como sempre!
- Ia dizer com o meu cachorro.
- Não importa. Você vai adorar o que tenho pra te falar. Vai dar saltos mortais!
Não deu para continuar a conversa. O professor Juan abriu a porta e jogou os livros sobre a mesa, como sempre fazia. E com o seu olhar profundo e seu jeito egocentrista começou a falar sobre a matéria. Apesar de tudo, ele me encantava com seus cabelos negros e sua inteligência.
- Abram o livro de vocês na página 128. Iremos falar hoje sobre o homem paleolítico no seu estado emocional e como...
Devo admitir que não foi uma das aulas mais produtivas. Eu estava inerte, segurando os olhos, e com a mente tão longe nos meus segredos e tentações particulares. E confesso, curiosa para saber o que Inês tinha para me contar. Ela sempre falava dela, mas dessa vez, disse que era algo que eu iria gostar, portanto, alguma coisa sobre mim. Mas enfim, o intervalo chegou. Disse a Inês que iria pedir uma explicação para o professor Juan sobre algo que não tinha entendido, e que era pra ela ir na frente, reservando lugar em uma mesa para almoçarmos. Era mentira. Não tinha dúvida sobre nada, embora não tivesse prestado atenção na aula. Era mais uma desculpa para ficar um pouco mais perto de Juan.
- Er, olá, professor.
- Olá, Haidée. Estive olhando para você hoje. Me parece cansada.
- Ah, sim, sim. É que, não consegui dormir e resolvi estudar. É...história medieval.
- Mas a sua aula sobre história medieval é só na terça com o Siles. Está tendo problemas com ele?
- Não, não...É que...Me fascina, sabe? História Medieval...
- Então minha aula não deve te agradar nada...
- O senhor sabe que agrada...Bem, desculpe tomar o seu tempo é que...Que...Queria te perguntar se...Se...Se o senhor se importa de me passar o nome de algum livro sobre sua matéria mais aprofundado?
- Haidée, o livro que passei é o mais aprofundado possível. Você é inteligente, garota. Não fique apavorada por perder uma noite de sono.
- Sim, sim, claro. É...deixe-me ir, professor. Desculpe-me...
- Haidée...
- Pois não?!
- Chame-me de Juan, está bem?
- Ah, claro...
Minhas faces estavam certamente coradas. Saí as pressas para o ele não perceber o meu rubor. Atrapalhei-me toda com o caminho para a lanchonete, onde esperava encontrar Inês sozinha (algo que seria quase impossível). Como suspeitava, Conrado (um outro aluno da turma, jovem loiro, bonito, porém intelectualidade não era o seu forte), já estava sentado com Inês jogabdo seu charme. Deixei os dois a sós e fui me sentar perto da janela. Pelo menos, dava pra almoçar observando o lindo campo da universidade. E tamb[em, uma moça enterrando algo perto das...Enterrando?! Quem era aquela moça? Apertei os olhos para enxergar melhor e depois os esfreguei. Não havia nada. Talvez fosse a fome, talvez fosse o sono. A questão é que deixei de lado a minha suposta miragem junto com as minhas dúvidas...Voltei a cabeça para a comida.

5 comentários:

Mateus Araujo disse...

oooo suspenseeee filho da...shausahusahsashas
História ótimaaa!
Só quero saber o que acontece! ¬¬
Tá parecendo novela das nove quando vai pro intervalo comercial. :S
hsuahsashauhsa


Cadinho RoCo disse...

Gostei do que li e mais ainda de não ter, por tratar-se de um capítulo, estendido a publicação. Sou resistente a publicações extensas demais nos blogs.
Cadinho RoCo

A.S. disse...

As cenas desenvolvem-se ao ritmo de palavras tão exactas e precisas que as imagens passam diante dos olhos...
Belo conto!
Felicito-te pelo teu talento!


Beijos...

Ademerson Novais disse...

Como é bom né quando escrevemos..quando criamos personagens...e damos vida a eles...como é com quando deixemos a imaginação tomar conta de nossos dedes..o coração então bate acelerado...a respiração mais forte...e mandamos tudo isso para as palavras...fico feliz por vc desenvolver um texto tão bom quanto este....se Vê que é uma grande autora..

volatrei para acompanhar estes...e os outros textos...

Ademerson Novais de Andrade

Daniel Braga disse...

HAHa, demorou mas eu li. Adorei a estória. E concordo com a pessoa que disse que é tão boa que as imagens passam na nossa cabeça :)

~Parabéns amore, você me enche de inspiração. Atá a próxima.

*DB*